O tradicional Cordão da Bola Preta, que completou um século, atraiu cerca de 500 mil pessoas para o Centro do Rio neste sábado (1º), de acordo com a Riotur (inicialmente, foi informado que o público era de 700 mil, mas a cifra foi corrigida).
No dia em que a Cidade Maravilhosa comemorou seus 460 anos, o bloco desfilou com o tema “Rio, eu te amo”, expressando nas ruas cariocas a paixão pela cidade.

O desfile teve início às 9h na Rua Primeiro de Março e seguiu até a Avenida Presidente Antônio Carlos, onde terminou pouco depois das 13h.
A rainha do bloco, a atriz Paolla Oliveira, chegou pouco antes das 9h.

“É muito especial começar meu carnaval aqui no Bola, que carrega toda essa tradição e transmite uma liberdade tão genuína. Estou emocionada. Minha energia está lá em cima. O carnaval está em mim, faz parte da minha história”, disse a rainha.
Um grupo de 40 pessoas se fantasiou de garis — com vassouras, pás e caçambas de lixo — e seguiu para o bloco. Todos são parentes e saíram de Realengo, na Zona Oeste, ainda de madrugada.

“Isso é uma homenagem ao meu pai. Ele trabalha há mais de 20 anos na companhia de lixo do Rio. Queremos mostrar a importância desse pessoal para a cidade”, explicou Elisa da Silva, auxiliar administrativo.
Ela ainda contou que, quando o pai soube da homenagem, ficou muito emocionado. “Infelizmente, ele não pôde vir, pois está de plantão”, completou.
O paraibano Henrique Almeida, residente em Duque de Caxias, se vestiu de Sub-Zero, personagem da série de jogos Mortal Kombat, para participar do Bola Preta. Ele afirma que todo ano escolhe um personagem de videogame para se fantasiar. “Sempre me inspiro em algum personagem de jogo eletrônico. Estou morrendo de calor, mas logo vou abrir uma cerveja bem gelada”, diz Almeida.
Pouco antes das 8h, as amigas Luciene Pereira Martins e Luciana Paula já estavam em frente ao primeiro trio do bloco. Enquanto uma participava pela primeira vez, a outra já marcava presença no cortejo há 8 carnavais.
“Essa é a minha estreia. Moro em Sepetiba, na Zona Oeste, e foi uma verdadeira missão. Acordei às 4h, saí de casa às 5h e fui até o metrô da Barra. Lá, peguei o metrô e desci na Uruguaiana”, conta Luciene Pereira.
Fundado em 1918, o Cordão do Bola Preta desfila no Centro do Rio com as cores preto e branco e uma banda composta por percussão e metais. O bloco, que já atraiu mais de 2 milhões de pessoas para a festa de rua, sai na Rua Primeiro de Março.

Assim como no ano anterior, a Polícia Militar montou barreiras nas entradas da Avenida Primeiro de Março. Os foliões são revistados e só podem acessar o local do desfile após a fiscalização.
Segundo Pedro Ernesto Marinho, presidente do Cordão da Bola Preta, a responsabilidade de carregar essa tradição é imensa.
“O Bola Preta é a alma do Rio. Ele não teria o mesmo impacto em outra cidade. Para nós, desfilar nos 460 anos do Rio é uma grande honra. É a preservação de uma tradição do carnaval. O Bola Preta defende a cultura da cidade e suas tradições. Sem carnaval não existiria o Bola Preta, e quando o Bola Preta não sai, o carnaval perde a essência”, afirma Marinho.
A foliã Ângela de Moraes, de 70 anos, residente de Cavalcante, na Zona Norte do Rio, acompanha o bloco desde a infância.
“Eu vinha com minha mãe quando ainda era bebê. Ela se foi, mas eu continuo vindo. A cada ano, escolho uma fantasia diferente”, conta a aposentada, que neste ano escolheu o tema “quem não chora, não mama”.
Fonte: G1