Rodrigo Bacellar é citado em esquema de “aluguel” de prefeitura no interior do Rio

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Por diario
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presidente da Assembleia Legislativa do RioRodrigo Bacellar (União Brasil), nome forte da direita fluminense para disputar o governo do estado, foi apontado em investigações do Ministério Público do Rio (MPRJ) como protagonista de um esquema de “aluguel” da prefeitura de Cambuci, cidade com cerca de 14 mil habitantes no Noroeste Fluminense. As informações são do jornal O Globo.

Em pelo menos três depoimentos prestados em 2010, obtidos pelo jornal O Globo, políticos locais afirmaram que Rodrigo Bacellar e seu pai, o ex-vereador Marcos Bacellar, teriam fechado acordo com o então prefeito Oswaldo Botelho (Vavado), garantindo um repasse mensal de R$ 160 mil para controlar a administração municipal.

“Rodrigo se mostrou como prefeito, conduzindo a reunião. Nem foi nomeado e já está mandando na cidade”, declararam em depoimento conjunto os vereadores David NeyLeila Velasco e o secretário de Agricultura, Carlos Vitorino da Fonseca, logo após uma reunião realizada em outubro daquele ano.

A investigação do MPRJ partiu de denúncias sobre fraudes em licitações na gestão do filho do prefeito, Oswaldinho, então secretário municipal. Após a prisão de Oswaldinho e aliados, servidores da cidade foram surpreendidos com a chegada de Rodrigo Bacellar, que se apresentou em evento oficial, mesmo sem cargo, como responsável pela prefeitura.

Ainda segundo os relatos, aliados diretos de Bacellar assumiram postos estratégicos na gestão. O atual chefe de gabinete de BacellarRui Bulhões, foi alçado a secretário de Obras; Márcio Bruno Carvalho de Oliveira, também ex-chefe de gabinete do deputado, assumiu a Secretaria de Trabalho e Renda; e Leandro Marroso Siqueira passou a comandar a Secretaria de Licitações.

“Foi feito um acordo onde o prefeito entregaria a administração de Cambuci e alugaria a prefeitura e, em troca, receberia R$ 160 mil por mês de Marcos Bacellar, afirmaram os parlamentares ao MP.

Os depoimentos apontam ainda casos de intimidação. Em novembro daquele ano, o então presidente da Câmara de Cambuci, Marco Antonio da Silva Paes, relatou uma reunião num posto de gasolina onde o prefeito exigiu que o secretário Carlos Vitorino mudasse sua versão sobre o esquema. Pouco depois, Vitorino voltou atrás, mas os vereadores mantiveram suas declarações originais.

O clima de pressão envolveu até atentados. “O vereador David Ney, que sempre denunciou fraudes, teve a casa atingida por tiros em 2010”, lembra um trecho do inquérito. Denúncias anônimas ao MP apontaram ainda a presença de homens armados vigiando a casa de opositores.

Apesar das graves denúncias, Rodrigo Bacellar não foi formalmente denunciado e sequer ouvido durante o processo. Procurado, ele negou qualquer envolvimento, mas preferiu não comentar publicamente o caso.

Documentos do inquérito também destacam que a influência política da família Bacellar não se limitava a Cambuci. Em Campos dos Goytacazes, o MP registrou suspeitas de uso de terceirizados da prefeitura no gabinete de Marcos Bacellar e desvios na empresa pública Campos Luz.

À frente da FenorteRodrigo Bacellar também foi acusado de nomear advogados particulares do pai em cargos públicos e de beneficiar doadores de campanha.

Mesmo com essa trajetória controversa, a carreira política de Rodrigo Bacellar deslanchou a partir de 2018. Com eleição garantida na Alerj, ele se tornou personagem central no impeachment de Wilson Witzel e figura influente no atual governo Cláudio Castro (PL).

prefeito Vavado seguiu no cargo até meados de 2012, após decisões judiciais que o afastaram temporariamente. Sobre os depoimentos envolvendo os Bacellar, o MP não avançou nas investigações além da denúncia contra o então prefeito.

Fonte: Diário do Rio

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