Paes e Reis querem Wladimir Garotinho

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Por diario
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Enquanto o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e o ex-secretário estadual Washington Reis (MDB), não decidem se serão aliados ou adversários na eleição ao Estado em 2026, os dois políticos miram o mesmo nome para ter como vice na disputa ao Palácio Guanabara: Wladimir Garotinho (PP), prefeito de Campos dos Goytacazes e filho do ex-governador Anthony Garotinho. No comando do principal polo do Norte Fluminense, Wladimir tem tido conversas com os dois lados para definir seu futuro no ano que vem.

Wladimir é visto pelo entorno de Paes e de Reis como um aliado importante para ter uma boa entrada no eleitorado na região Norte e no interior do Estado. Não só por comandar Campos, mas por carregar o “recall” que a família Garotinho ainda tem no Rio. Além disso, outro fator que pesa no interesse do prefeito carioca e do emedebista é o fato de que o filho do ex-governador é adversário histórico do presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), que também se posiciona para disputar o Palácio Guanabara no próximo pleito.

Tanto Paes quanto Reis protagonizaram desavenças com Bacellar no último ano. No início do mês, o emedebista foi demitido da Secretaria de Transportes pelo deputado enquanto ele substituía o governador Cláudio Castro (PL), que estava fora do país. Já o prefeito do Rio foi alvo de críticas de Bacellar após a eleição municipal de 2024.

Nesse sentido, ter Wladimir numa possível chapa em 2026 ajuda a antagonizar com o presidente da Alerj, que é visto pelos outros dois políticos como o “melhor adversário” para disputar contra, visto que ele tem pouco tempo na política – está apenas em seu segundo mandato – e por pesquisas de opinião feitas pelos partidos indicarem que Bacellaré o que tem menos intenção de voto entre os cotados ao Guanabara até o momento.

Para Wladimir, ser vice o ajudaria a ganhar mais reconhecimento no restante do Estado, sobretudo na região Metropolitana, e sair das sombras do pai. O prefeito de Campos também está no segundo mandato à frente do Executivo municipal, não podendo se reeleger em 2028. Por isso, segundo aliados próximos, quer construir o próximo degrau na sua carreira política.

Conforme o Valor mostrou, Paes e Reis negociam também entre si uma aliança para 2026. Por ora, o emedebista está inelegível por ser condenado na Justiça, situação que tenta reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) com o apoio do prefeito carioca. De acordo com fontes a par das tratativas entre os dois e entre Wladimir, os três políticos têm tratado o caso na linha de que “conversar não faz mal a ninguém”.

“Conversa na política não arranca pedaço. Wladimir vai ser meu vice”
— Washington Reis


“Conversa na política não arranca pedaço”, disse Reis, ao Valor. Confiante de que vai ser candidato no ano que vem, o emedebista é firme: “Wladimir vai ser o meu vice. Ele vem para o MDB.”

O prefeito de Campos, por outro lado, prefere ainda não tomar decisões precipitadas: “Agradeço a menção de ambos ao meu nome, é um indicativo de que fiz um bom mandato como prefeito da maior cidade do interior do estado, onde fui reeleito com 70% dos votos. Ainda é cedo pra fazer avaliações sobre isso, tenho que cumprir minhas obrigações como como prefeito e continuar dialogando”.

“Não quero só compor uma chapa, quero participar de um projeto. Preciso entender qual é o de cada um, eu sou movido por projetos e metas que visam, ao final, a melhora na qualidade de vida das pessoas. Ambos já tem minha admiração pois são gestores bem sucedidos, só preciso ter mais clareza do projeto de cada um”, completou Wladimir.

Para compor com Reis ou com Paes, o filho do ex-governador vai precisar trocar de partido, já que hoje o PP está federado com o União Brasil, de Bacellar, e, de acordo com as regras eleitorais, não podem estar em coligações opostas.

Essa é uma das pendências que Wladimir precisa sanar antes de firmar um lado em 2026, na avaliação de um interlocutor do prefeito. No rol de questões ainda a serem resolvidas está também a briga interna no clã Garotinho. O ex-governador, o filho e a irmã de Wladimir, a ex-deputada Clarissa Garotinho (Republicanos), estão brigados politicamente. A depender da decisão que o prefeito de Campos tome, essa cizânia tende a aumentar.

Anthony Garotinho tem dito a seus aliados que não ficará ao lado do filho se ele apoiar Paes, quem o ex-governador vê como um desafeto político. Segundo o entorno do ex-chefe do Guanabara, a preferência que tem é por uma aliança com Reis, com quem o próprio Garotinho se encontrou, há cerca de dois meses, para discutir os cenários de 2026.

Clarissa, enquanto isso, optou por seguir um caminho próprio. “Não tenho falado sobre política com Wladimir. Estou filiada ao Republicanos, e o partido conta comigo para 2026, seja numa eleição majoritária ou proporcional. A princípio, meu nome tem sido testado para o Senado. Mas essa é uma decisão que vai ser tomada junto com meu partido no ano que vem”, disse.

Procurados, Paes e Garotinho não se pronunciaram.

Fonte: valor.globo.com

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