Uma operação da Polícia Federal desvendou a ação de uma organização criminosa que produzia drogas sintéticas em grande quantidade dentro de favelas do Rio de Janeiro. A investigação, revelada com exclusividade pelo programa Fantástico, da TV Globo, resultou na prisão do chefe e de outros oito envolvidos.
De acordo com a PF, o grupo tinha como meta se tornar o maior fabricante e distribuidor de entorpecentes sintéticos do Brasil, produzindo substâncias como ecstasy, MDMA e MDA.

Vinícius da Silva Melo Abade, de 34 anos, é apontado como o líder do grupo, conhecido como Cartel Brasil. A quadrilha foi desarticulada após dois anos de acompanhamento das autoridades. Ele e outros membros do bando foram detidos nesta semana.
Imagens obtidas pela polícia mostram Vinícius ostentando uma vida luxuosa, hospedado em hotéis caros, banheiras e dirigindo veículos importados — tudo bancado com o lucro das drogas.
Nos bastidores, no entanto, operavam laboratórios clandestinos improvisados.
“Além de trabalhadores informais contratados para a produção, constatamos a presença de menores de idade ajudando nesse processo”, relatou o delegado Samuel Escobar.
As investigações revelaram que os criminosos buscavam fórmulas químicas na internet para fabricar os comprimidos, mesmo sem qualquer formação especializada. Os entorpecentes eram produzidos sem controle de qualidade e distribuídos por “mulas” para diversos estados. A comercialização ocorria, principalmente, por meio de canais online.
Parceria com o Comando Vermelho
A quadrilha utilizava empresas de fachada para adquirir insumos e manter os laboratórios em funcionamento, principalmente em regiões como os complexos do Alemão e da Penha. Segundo o promotor Alexander de Souza, a organização tinha respaldo do Comando Vermelho para operar nesses territórios.
Em troca dessa “proteção”, parte da produção era repassada ao tráfico local, explicou o delegado Escobar.
Em uma das aquisições registradas, os criminosos compraram matéria-prima suficiente para fabricar até quatro toneladas de droga sintética — o equivalente a cerca de quatro milhões de comprimidos.
Prisões e mandados
Além de Vinícius, foram presos Matheus de Lima Viana, conhecido como “Matheuzinho”, e outros membros do esquema. Pelo menos 16 pessoas ainda estão foragidas, entre elas Rômulo César de Oliveira Ramos, o “Rato”, e Diego Brás, o “Fex”, também apontados como integrantes da quadrilha. As defesas dos envolvidos não foram localizadas pela reportagem.
A Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro solicitaram à Justiça o bloqueio de bens pertencentes a Vinícius, estimados em R$ 50 milhões.
Fonte: G1