Fenômenos como chuvas fortes, deslizamentos de terra, enchentes e alagamentos resultaram em 1.523 óbitos no estado do Rio de Janeiro. As informações são de uma pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), divulgada nesta sexta-feira (18/04) na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os pesquisadores destacam que os efeitos foram particularmente intensos para mulheres e moradores de cinco cidades: Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Niterói e a capital, Rio de Janeiro.
A estimativa de “anos de vida perdidos” — indicador de saúde pública que calcula o tempo de vida interrompido por mortes prematuras — alcançou 49.031,76 anos. A maior parte desse número (54,2%) refere-se a mulheres, que também representaram a maioria dos falecimentos (50,1%). Segundo os especialistas, elas estão entre os mais expostos aos impactos dos desastres, em razão de fatores como baixa renda, número elevado de dependentes e menor acesso a serviços e infraestrutura básica.

O levantamento cruzou dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil com registros do Sistema de Informações Hospitalares do SUS.
Foram analisados fenômenos naturais extremos classificados como deslizamentos, enchentes, alagamentos e precipitações intensas. Os pesquisadores observaram que apenas cinco dos 92 municípios do estado concentraram 79,3% das vítimas fatais, evidenciando regiões prioritárias para ações de prevenção e resposta rápida.
Além das perdas humanas, os desastres causaram danos materiais estimados em R$ 12 bilhões. A maior parte desses prejuízos ocorreu em moradias (R$ 7,7 bilhões) e em obras de infraestrutura urbana (R$ 4 bilhões), comprometendo diretamente o dia a dia da população e a oferta de serviços essenciais como saúde e educação.
A faixa etária mais afetada foi a de 15 a 59 anos — considerada economicamente ativa —, ampliando os impactos econômicos das perdas. Os autores alertam que os anos de vida interrompidos também representam queda na produtividade e na geração de renda para o país.
“Mesmo com o uso de dados do SUS, que podem não refletir totalmente o número de mortes atribuídas aos desastres, os resultados foram expressivos”, afirma a pesquisadora Roberta Fernanda da Paz de Souza Paiva, uma das responsáveis pelo estudo.
Paiva ressalta que reconhecer as regiões e os grupos mais suscetíveis é essencial para a criação de políticas públicas mais efetivas.
Fonte: Diário do Rio