A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (10), uma operação com o objetivo de desmantelar um grupo suspeito de desviar verbas públicas destinadas à área da saúde. Entre os investigados está o prefeito de Sorocaba, no interior de São Paulo, Rodrigo Manga (Republicanos).
Ao todo, foram autorizados 28 mandados de busca e apreensão em 13 municípios dos estados de São Paulo e Bahia (detalhes abaixo). Não houve expedição de mandados de prisão.

As diligências da Operação “Copia e Cola” foram realizadas na sede da Prefeitura de Sorocaba, na residência e no gabinete do prefeito, na Secretaria Municipal de Saúde, na sede local do partido Republicanos e na casa do ex-secretário de Saúde, Vinicius Rodrigues.
Rodrigo Manga foi eleito em 2020 para o cargo de prefeito após exercer dois mandatos como vereador. Antes da vida política, trabalhava como vendedor de automóveis em uma concessionária da cidade. Ganhou notoriedade ao participar de vídeos promovendo os veículos.
Com formação na área de marketing, ampliou sua popularidade nas redes sociais com vídeos curtos e chamativos sobre sua gestão e a cidade de Sorocaba. Com isso, acumulou milhões de seguidores e passou a ser convidado para diversos programas de rádio e televisão pelo país.
Após a deflagração da operação, o prefeito publicou um vídeo no Instagram afirmando não temer autoridades que estariam incomodadas com sua projeção política. “Mandaram a Polícia Federal na minha casa por causa de uma denúncia, denúncia, denúncia. E o que encontraram aqui? Bolo de cenoura, Nutella e o Pokémon que meu filho adora”, declarou.

A administração municipal informou que está colaborando integralmente com as investigações e mencionou, por meio de nota, a atuação de “forças ocultas” que tentariam desestabilizar representantes que se destacam como alternativas ao sistema e defendem os interesses populares (a íntegra da nota está ao final da reportagem).
R$ 600 mil apreendidos e R$ 20 milhões bloqueados
Além da investigação contra Vinicius Rodrigues, também está sendo apurada a conduta do ex-secretário de Governo e Administração, Fausto Bossolo. A Polícia Federal ainda investiga a possível participação de uma entidade religiosa e de um empresário do setor imobiliário da cidade.
A Justiça determinou o bloqueio de bens e valores que somam R$ 20 milhões e proibiu que a Organização Social sob suspeita firme contratos com o poder público.
Segundo informações da TV TEM, cerca de R$ 600 mil em espécie foram apreendidos durante a operação. Parte do montante estava guardada em uma caixa, no porta-malas de um carro.
A emissora tentou contato com os demais investigados, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Os crimes investigados incluem:
- Corrupção passiva
- Corrupção ativa
- Lavagem de dinheiro
- Peculato
- Contratação direta irregular
- Fraude em processo licitatório
Mais de 100 agentes da Polícia Federal realizaram buscas nos seguintes municípios:
- Sorocaba (SP)
- Araçoiaba da Serra (SP)
- Votorantim (SP)
- Itu (SP)
- São Bernardo do Campo (SP)
- São Paulo (SP)
- Santo André (SP)
- São Caetano do Sul (SP)
- Santos (SP)
- Socorro (SP)
- Santa Cruz do Rio Pardo (SP)
- Osasco (SP)
- Vitória da Conquista (BA)
Apurações tiveram início em 2022
De acordo com a Polícia Federal, a investigação foi iniciada em 2022 após indícios de irregularidades na contratação de uma Organização Social para gerir e executar serviços de saúde em Sorocaba.
Há ainda suspeitas de lavagem de dinheiro por meio de depósitos em espécie, quitação de boletos bancários e transações imobiliárias.
O que diz a Prefeitura de Sorocaba
“A investigação da Polícia Federal envolvendo uma Organização Social ocorre em 13 cidades, incluindo São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, entre outras, sendo Sorocaba uma delas. A Prefeitura está colaborando integralmente com as autoridades para que os fatos sejam esclarecidos o quanto antes.
Destaca-se que a operação acontece em um momento de grande projeção nacional da cidade e do prefeito Rodrigo Manga, que vem sendo apontado em pesquisas como possível candidato ao governo do Estado e até à Presidência da República. Não é a primeira vez que surgem ‘forças ocultas’ contra líderes que se posicionam como alternativas ao sistema e que representam a voz popular.
Recentemente, o prefeito se manifestou contra o aumento de tributos sobre alimentos essenciais, combustíveis e medicamentos, além da criação de novos pedágios.
Fonte: G1